26-06-usc-red
O time que venceu o Red no famoso jogo. De pé, da esquerda para a direita: Alfredão, Hildebrando Moraes, Walter Fonseca, Miguel Pé de Bronze e Badú (autor do célebre gol); agachados: Maciel, Baianinho, Kiki Buzollo, Walfredo Vieira e Rodarte; sentado, o goleiro Pino. Quem serão o árbitro e o bandeirinha, nas laterais?
 
O Uberaba Sport Club surgiu pela vontade indômita de um grupo de jovens, classe baixa, humildes rapazes, “sem eira, nem beira”, pobretões mesmo, que, aos domingos, cidade pequena, sem ter como divertir-se, reuniam-se num descampado desgramado, atrás do “largo da Misericórdia”, onde fora o primeiro cemitério da terrinha. Aquele grupo de rapazes, “zé povinho”, comprou bola de capotão e um fardamento da camisas vermelhas. As “bicancas” e as meias ficavam ao gosto de cada um.
 
Do “outro lado”, jovens robustos, bem apessoados, pertencentes à “zelite” da santa terrinha, tinham o seu time: o “Red and White”. Como a luta de classe sempre existiu, em pouco tempo, começava também a rivalidade esportiva entre os ricos (Red) e a pobreza (Uberaba Sport). A história esportiva da cidade registra que, logo nos primeiros anos, os dois clubes andaram se defrontando, com vitórias alternadas e empates na maioria dos jogos. A rivalidade se tornando mais forte, acirrada, quase sempre terminando em “sururus”.
 
Em 1921, as duas diretorias, entendendo que a coisa podia piorar, convencionaram que as equipes fariam um jogo de “vida ou morte”. O vencedor, seria o grande clube da cidade. O perdedor encerraria, para todo o sempre, suas atividades esportivas. Pode parecer lenda, mas, os saudosos semanários da terrinha noticiaram o acordo entre as partes.
 
Marcada a data do jogo, a sagrada terrinha ficou em polvorosa! Quem vencerá ? E o perdedor, aceitará o resultado? Quem sobreviverá? Quem vai morrer? O jogo vai até o final? A “zelite” vai vencer? E se a “pobreza” ganhar? A cidade aceitará qualquer resultado?
 
O “tira-teima” seria no campo do Red, na avenida Triângulo Mineiro (hoje, Alberto Martins Fontoura Borges), lado contrário da fábrica de tecidos, entre o inicio da Rio Branco e a rua Jockey Club (hoje, rua Rodolfo Machado Borges). Era uma área grande que chegava aos fundos da rua José de Alencar.
 
Chegado o grande dia, a “zelite”, ou os ricos como queiram, altamente preparados. Tinha casa especial para os jogadores às vésperas da decisão, promessa de compensação financeira em caso de vitória e outros benefícios mais. O “zé povinho”, a pobreza, joelhos pregados ao chão, rezando pela melhor sorte do Uberaba. Jogadores famosos no Brasil inteiro foram contratados pelo “Red”. O Uberaba, coitadinho, tinha que se contentar com os atletas da casa. Aqueles que só treinavam em fins de tarde, dormiam em suas casas, além de comprar o próprio material (calção, meias, “bicancas”...).
 
Na partida preliminar (aquela que antecede ao evento principal), jogadores jovens dos dois lados, a vitória sorriu ao Uberaba. Antevia-se uma grande festa! Chegada a hora da “onça beber água”, a emoção abalava corações. Adrenalina nas nuvens a empolgar as duas torcidas e a palpitação ganhando contornos quase incontornáveis.
 
Ataque daqui, defesa de lá. Ataque de lá, defesa acolá. Defesa espetacular de um lado e o outro a descontar. O tempo passando e o gol não saindo. Corações na garganta dos torcedores sofredores. O público com a respiração suspensa. “Era um frenesí de emoções”, escreveu depois o “Lavoura e Comércio”, comentando o inesquecível jogo de futebol.
 
Ao final, explosão incontida da massa pobretona! O time do “zé povinho”, sorria, escancaradamente, de tamanha felicidade! Vitória do Uberaba-1x0- sobre o time da “zelite”! O chute do beque Badú, do meio do campo, surpreendeu o famoso goleiro Ézoli Toti, do Milan, da Itália, contratado especialmente para esse jogo.
 
Foram três dias de festas, foguetório e passeata pelas acanhadas ruas da sagrada terrinha. Frustrados, amargurados, decepcionados, humilhados, corações sangrando, os diretores do Red and White desistiram de continuar com o time de futebol. Ao passo que, começava ali, a grande ascensão, a fulgurante epopeia do Uberaba Sport Club. O time passou a ser a alma e o coração de uma cidade que tinha ânsia de progresso, desenvolvimento e crescimento.

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